TEMA II - TECNOLOGIAS INTERATIVAS DA WEB SOCIAL PARA A CRIAÇÃO DE AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM
O que são ambientes virtuais de aprendizagem e quais as suas
vantagens?
Os ambientes virtuais de aprendizagem, também designados por blended
learning, são um modelo flexível que combina ambientes físicos e virtuais
de aprendizagem no desenvolvimento de projetos ou de outras atividades de
aprendizagem, sem haver necessidade de os intervenientes partilharem o mesmo
espaço físico e os mesmos tempos de aprendizagem.
Trata-se
de um modelo que exige uma planificação pedagógica sobre como e quando aplicar
os diferentes ambientes físicos e digitais, para atividades presenciais ou a
distância, para atividades colaborativas de interação, tendo como objetivo construir
contextos de aprendizagem mais ricos, diversificados e adaptados aos ritmos e características
de cada aluno.
A nível da estrutura, os ambientes
híbridos compreendem uma componente humana (professores e alunos e, também
podemos acrescentar os encarregados de educação?), conteúdos pedagógicos (recursos,
tanto os tradicionais como os digitais), um ambiente físico (a sala de aula) e digital
(as plataformas tecnológicas) e as inteirações entre eles.
A aprendizagem híbrida apresenta
vantagens. Por um lado, assenta na ideia de que os alunos deixam de ser recetores
passivos de conhecimento e de que o professor já não é única fonte de
informação e de conhecimento.
Combinar o ensino presencial na
escola com atividades realizadas à distância, em ambientes online, planificadas
e apoiadas pelos professores, desenvolve a capacidade de aprendizagem autónoma
e autorregulada, potencia a aprendizagem ao longo da vida e oferece
instrumentos que facilitam a personalização e a diferenciação.
Ao usar ambientes e recursos online,
está-se simultaneamente a apoiar o desenvolvimento das competências
digitais dos alunos, ferramentas indispensáveis para o exercício de uma
cidadania plena, ativa e criativa na sociedade.
A abordagem híbrida, sem prescindir
da componente de desenvolvimento das competências sociais permite ao professor
propor novas soluções de ensino e de aprendizagem, habitualmente baseadas no
uso de tecnologias digitais, com processos mais centrados no aluno, no desenvolvimento
de competências transversais e na aprendizagem por projetos, que valorizem o
pensamento crítico e criativo, o trabalho colaborativo e as capacidades de comunicação.
Assim sendo, é uma abordagem que
pode ser aplicada tanto no ensino básico como no secundário. Na opinião de Moreira,
J., A., & Horta, uma das vantagens deste modelo é a sua flexibilidade “na
forma como se gere o tempo, como os conteúdos são ministrados, como os alunos
interagem com os recursos, com os seus pares e com o professor. Enquanto no ambiente
online e físico, o formato é escolhido e usado em exclusividade e, portanto,
sem os benefícios do outro, o blendend learning pode oferecer o melhor
de ambas as realidades, o melhor desses mundos, numa experiência integrada e
única” (Moreira, J., A., & Horta, p. 5).
Moreira, A. & Horta, M. (2020). Educação e Ambientes Híbridos de Aprendizagem. Um Processo de Inovação Sustentada. Revista UFG (20). Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/revistaufg/article/view/66027/35558
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Que plataformas se deve privilegiar?
Do ponto de vista do professor e do aluno.
A escolha da plataforma de suporte aos ambientes híbridos de aprendizagem
é uma das decisões mais importantes no processo de planificação.
Os modelos mais comuns são os sistemas de gestão de aprendizagem
(LMS, Learning Management Systems) ou sistemas de gestão de conteúdos de
aprendizagem (LCMS, Learning Content Management Systems), podendo também
usar-se outro tipo de ferramentas de colaboração e discussão, combinadas com
elementos de suporte, orientação e avaliação.
A maioria das plataformas mais usadas (Moodle, Google Classroom
ou Micsrosoft Teams) disponibiliza o essencial das atividades relacionadas com
a gestão do processo das atividades relacionadas com a gestão do processo de
ensino e aprendizagem em ambientes digitais, nomeadamente ferramentas de
comunicação, de gestão de conteúdos e atividades e avaliação.
O ideal seria que a própria escola contratualize, organize e
disponibilize à comunidade escolar uma plataforma adequada ao modelo de ensino
que pretende adotar, e que essa plataforma seja usada por todos os professores.
Isso, contudo, não significa que os alunos e docentes fiquem limitados aos
recursos oferecidos por essa plataforma, sendo pelo contrário desejável que se
diversifique a utilização de conteúdos e ferramentas digitais, se possível integrando-os
na própria plataforma, e salvaguardo, naturalmente, as questões de privacidade
e segurança dos alunos, no respeito pelo disposto no Regulamento Geral sobre a
Proteção de Dados.
Para a implementação de um modelo de ensino híbrido baseado em
tecnologias digitais, será essencial que a plataforma, do ponto de vista do
docente permita, de forma fácil, incorporar e gerir atividades de comunicação
de um para um e de um para muitos, de forma síncrona e assíncrona, a
distribuição e monitorização de atividades e tarefas, a avaliação das
aprendizagens e formas rápidas de feedback.
Do ponto de vista dos aprendentes, as plataformas deverão favorecer
a aprendizagem autorregulada, permitindo que os alunos organizem, processem,
analisem e interpretem informação, que planeiem, monitorizem e autorregulem a
sua própria aprendizagem. Deverão ainda oferecer a oportunidade de trabalhar
colaborativamente, de apresentar/enviar o trabalho ao docente e de receber rápido
feedback. Também, é importante que as plataformas contemplem procedimentos de
autenticação que comprovem a identidade dos alunos, de forma a evitar-se a
existência de dúvidas sobre a autoria das atividades realizadas.
Lucas, M., & Moreira,
A. (2018). DigCompEdu: quadro europeu de competência digital para educadores. Aveiro.
Universidade de Aveiro. Centro de investigação em Didáctica e Tecnologia na
Formação de Formadores.
Moreira, J. A., & Horta,
M. J. (2020). Educação e ambientes híbridos de aprendizagem. Um processo de
inovação sustentada. Universidade Aberta. Lisboa. PT.
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Que modelos de planificação existem?
A planificação de modelos híbridos
de educação deverá dar preferência a atividades que favoreçam o desenvolvimento
de competências transversais e interdisciplinares de forma a articular e a incluir
a educação para a Cidadania. Para tal é necessária uma diversificação das modalidades
de trabalho colaborativo, em pares ou em grupos, usando as tecnologias digitais
para promover o envolvimento ativo e criativo dos alunos na construção do seu
próprio conhecimento.
Estratégias pedagógicas que fomentem as competências
transversais dos alunos, a reflexão e a expressão criativa, de forma transdisciplinar,
conduzem à realização de aprendizagens mais significativas.
Abrir a aprendizagem a problemáticas da vida atual, envolvendo
os alunos em atividades práticas que se traduzem na realização de tarefas que
permitam aos alunos expressar-se através dos meios digitais, modificando e
criando conteúdo digital (vídeos, áudios, blogues, e-portefólios …) será um fator
de motivação adicional.
Nestes casos, é fundamental trabalhar o tema dos direitos de
autor e das licenças que se aplicam aos conteúdos digitais, bem como a forma de
referenciar as fontes.
Existem vários modelos de planificação de ambientes híbridos de
aprendizagem, como o dos cenários de aprendizagem da European Schoolnet (em
português https://fcl.eun.org/pt_PT/tool3p1.
Seja qual for o modelo, a planificação deverá prever as aprendizagens
a realizar, a descrição das atividades, a calendarização e os recursos
necessários, a avaliação e o papel dos alunos e dos professores.
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A indiscutível importância das tecnologias
O docente deve dispor das
competências digitais para criar, usar, partilhar e planificar a utilização de
recursos educativos digitais de forma efetiva. Em ambientes online, os
recursos digitais são a principal forma de contacto dos alunos com os conteúdos
curriculares. No Quadro Europeu de Competências Digital para Educadores, a
competência dos professores para avaliar recursos é destacada.
A Internet disponibiliza um conjunto
imensurável de recursos educativos digitais: fotografias, documentação escrita
em texto, fluxogramas, diagramas, tabelas, bases de dados, vídeos, animações
simulações ... Apontemos a Casa das Ciências, a RTP Ensina ou a Khan Academy
como exemplos de plataformas de recursos livres.
O docente poderá desenvolver
atividades de curadoria de conteúdo, procedendo, à identificação, validação,
descrição e disponibilização dos conteúdos de forma organizada em redes digitais.
Moreira,
J. A., Henriques, S., Barros, D., Goulão, F., & Caeiro, D. (2020, p. 31) “reforça
a ideia de se utilizar a curadoria de conteúdo digital na educação”, elencando
as etapas: - colecionar e partilhar meterias de leitura; - fomentar discussões;
- aprender a selecionar, - avaliar e realizar critica; - conectar-se; -
explorar e descobrir.
Lucas, M., & Moreira,
A. (2018). DigCompEdu: quadro europeu de competência digital para educadores. Aveiro. Universidade de Aveiro.
Centro de investigação em Didáctica e Tecnologia na Formação de Formadores.
eBook 2. Educação Digital em Rede: Princípios para o Design Pedagógico em Tempos de Pandemia Moreira, J. A., Henriques, S., Barros, D., Goulão, F., & Caeiro, D. (2020). CAPÍTULO 3. Tecnologias, Conteúdos e Recursos Digitais (pp. 31-40)
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Ser professor em ambientes online
É um desafio.
Como mencionado, na reflexão
anterior, o professor deve desenvolver atividades de curadoria de conteúdo,
procedendo, à identificação, validação, descrição e disponibilização dos conteúdos
de forma organizada em redes digitais, obviamente, de acordo com os temas do
currículo.
Existem ferramentas digitais que facilitam esse processo, como o Wakelet (https://wakelet.com/), o Flipboard (https://flipboard.com/), o Symbaloo ( https://www.symbaloo.com/home/mix/13eOcLjRFi) e o Diigo (https://www.diigo.com/).
Nestes contextos, o professor
desempenhará um papel apoiado nas tecnologias.
Vejamos a figura 1, de acordo com Moreira & Monteiro (2012,
p. 25), que retrata a ação do professor:
É da competência e responsabilidade do professor diversificar os
recursos que facilitarão o conhecimento. Para tal, é necessário planificar e
estruturar o processo de modo a permitir abordagens diversificadas. Os recursos
e os materiais didáticos motivadores, dinâmicos abordados serão explorados numa
abordagem interativa e cooperativa. Para tal, o professor deverá utilizar canais
de comunicação diversos.
Criar recursos para o ensino híbrido é uma atividade exigente e requer
competências digitais. O professor pode adaptar recursos digitais integrando
links, animações ou outros elementos interativos.
Fazer modificações a recursos educativos abertos implica respeitar
os termos de licenciamento dos mesmos. É essencial o respeito pelos direitos de
autor.
A planificação de e-atividades deve privilegiar o trabalho
colaborativo e ter como principal objetivo ajudar o aluno a construir o seu
próprio conhecimento, valorizando a aprendizagem autónoma e autorregulada.
As atividades colaborativas deverão adotar estratégias
inclusivas que promovam a participação de todos incentivando a interajuda e a
regulação interpares.
A comunicação pedagógica a distância ocorre em formato síncrono
e assíncrono. Na comunicação síncrona, as ferramentas permitem o contacto
direto entre alunos e o professor simulando o ambiente de sala de aula e proporcionado
um feedback imediato. As ferramentas de comunicação assíncrona, como o email e
os fóruns de discussão devem ser usadas em ambientes abertos e supervisionados
pelos professores.
Moreira, J.A. & Monteiro, Angélica. (2012). Ensinar e
Aprender Online com Tecnologias Digitais. Abordagens teóricas e metodológicas.
Porto Editora. Pp. 15-30.
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